O Sistema Elétrico
Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema elétrico do Brasil era até recentemente formado por dois grandes sistemas interligados, um com as empresas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e outro reunindo as concessionárias da região Nordeste e parte da região Norte. No final de fevereiro de 1999, esses dois sistemas foram unidos por uma linha de transmissão com 1000 MW de capacidade, a Interligação Norte-Sul, passando a formar um único sistema interligado de âmbito nacional. Atualmente, apenas 3,9% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora desse sistema, em pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.
A produção de energia elétrica nos sistemas interligados em 1997 alcançou 321,6 TWh, para o atendimento de um mercado que apresentou um crescimento de 5,9% em relação ao ano anterior. A capacidade total instalada ao final de 1998, bem como dados sobre o sistema de transmissão são mostrados a seguir. Tanto a extensão da rede de transmissão, 63.706 km, quanto a predominância das usinas hidrelétricas na capacidade instalada nos sistemas interligados, que alcança 93,5%, são dados notáveis, típicos do nosso país.
DADOS SOBRE O SISTEMA ELÉTRICO EM 1998 |
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A opção pela intensa utilização do potencial hidroelétrico do país determinou as características singulares do sistema. As usinas desse tipo são construídas onde melhor se pode aproveitar as afluências e os desníveis dos rios, muitas vezes em locais distantes dos centros consumidores. Assim, para atender ao mercado, foi necessário desenvolver um extenso sistema de transmissão, em que as linhas criam uma complexa rede de caminhos alternativos para escoar com segurança a energia produzida até os centros de consumo. Além disso, esses sistemas contribuem para a integração entre as regiões, permitindo que os consumidores sejam beneficiados pela diversidade do comportamento das vazões entre rios de diferentes bacias hidrográficas.
Sob o ponto de vista organizacional, o sistema elétrico brasileiro tem múltiplos proprietários, de diferentes tamanhos e naturezas, cada qual buscando atingir seus próprios objetivos empresariais. Com o atual processo de desverticalização e privatização das empresas, o número de agentes aumentou significativamente, bem como o nível de competição entre eles.
Ainda assim, confirmando a experiência adquirida em mais de duas décadas de operação coordenada entre as empresas, a otimização do uso dos recursos de geração e transmissão disponíveis se impõe, pelos benefícios que é capaz de produzir, tanto para os agentes setoriais como para o conjunto dos consumidores. A exploração coordenada dos recursos hidro e termoelétricos permite que pela interdependência operativa das usinas situadas em seqüência nos rios, pela interconexão dos sistemas de transmissão das empresas, e pela integração da geração e transmissão no atendimento do mercado se maximize a disponibilidade e a confiabilidade do suprimento, com redução dos custos para os consumidores.
Estudos realizados em 1997 comprovaram que a operação integrada acresce 24% à disponibilidade de energia do parque gerador, sem investir em novas usinas e equipamentos, em relação ao que se teria se cada empresa operasse suas usinas isoladamente. Ao longo das duas últimas décadas, os benefícios da operação coordenada permitiram adiar investimentos de geração da ordem de 7.000 MW, o que exigiria recursos de cerca de 9,8 bilhões de dólares.